164 - Osteoporose
Chamam-lhe a “doença silenciosa” porque muitas vezes só é detetada quando algo mau acontece, ou seja, uma fratura, isto apesar de já haver exames que alertam para o seu aparecimento. E, como sabemos, ataca maioritariamente pessoas acima de uma certa idade, sobretudo mulheres.
Mas o que é a osteoporose? O termo em si já é uma boa indicação, uma vez que significa “osso poroso”. Trata-se, pois, da diminuição da qualidade do tecido ósseo e também no decréscimo da densidade mineral óssea ou DMO. Os ossos ficam, pois, mais frágeis e mais suscetíveis de se fraturarem em situações que não o justificariam caso fossem normais, digamos.
Todos conhecemos, certamente, casos de pessoas de uma certa idade que deram uma pequena queda aparentemente sem grande importância e fraturaram logo a anca, ou antes, a cabeça do fémur. Era, também, muito comum vermos mulheres idosas com as costas muito curvadas à medida que os anos iam passando, numa quase representação real das imagens clássicas das bruxas.
Pois bem, a causa é a mesma, o avanço da osteoporose.
Mas porque acontece? Pois bem, o nosso esqueleto atinge o máximo de massa óssea por volta dos 20 anos. Depois disso, durante a fase adulta, passamos por uma substituição contínua do tecido ósseo antigo por novo. Ora a osteoporose surge quando a perda de massa óssea é superior à sua taxa de reposição.
E porque atinge sobretudo os idosos? Bom, é que a partir de uma certa idade a nossa eficiência em absorver minerais essenciais, sobretudo cálcio e vitamina D, diminui. Isto é particularmente verdade nas mulheres após a menopausa, devido à queda dos níveis de estrogéneo, que reduz ainda mais a capacidade de absorção de cálcio.
Há vários tipos de osteoporose:
- Primária; ocorre devido à perda óssea associada ao envelhecimento.
- Secundária; ocorre devido à presença de outras doenças ou ao uso prolongado de certos medicamentos.
- Idiopática; com origem desconhecida.
Mas há outras razões e são estes os principais fatores de risco:
- Idade; o risco aumenta a partir dos 65 anos, devido aos fatores apontados.
- Género; as mulheres têm uma muito maior predisposição, sobretudo após a menopausa.
- Medicamentação; o uso prolongado de certos medicamentos pode fazer aumentar o risco de ter osteoporose.
- Dieta deficiente em cálcio e vitamina D.
- Falta de atividade física; pode enfraquecer o tecido ósseo.
- Certas doenças crónicas, como a doença celíaca, diabetes.
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool
A boa notícia é que a osteoporose pode ser prevenida. Aliás, se olharmos à nossa volta vemos, por exemplo, claramente que a tal curvatura da coluna em mulheres idosas é agora bem menos frequente. É que os hábitos alimentares mudaram muito e o consumo de leite e queijo, por exemplo, é algo que se mantém durante toda a vida e não apenas na infância.
A outra boa notícia é que graças aos avanços da medicina pode ser detetada cedo através de medições de densitometria óssea. E, melhor ainda, fraturas que ainda há bem pouco tempo não tinham cura a partir de uma certa idade podem agora ser tratadas – por exemplo, partir a cabeça do fémur (a anca) era praticamente uma sentença de morte há ainda bem pouco tempo, agora há até a hipótese de a substituir por uma prótese.
Mas, claro, o melhor modo de prevenir – ou atrasar – o seu aparecimento consiste em adotar, e o mais cedo possível, hábitos de vida mais saudáveis. Por exemplo:
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool.
- Aumento da atividade física, nomeadamente caminhar e / ou pedalar.
- Exposição ao sol durante uma meia hora diária; mas atenção, no verão evitar o pico do calor e não esquecer o protetor solar.
- Consumir certos alimentos ricos em cálcio, nomeadamente laticínios (leite, queijo, iogurte, outros), vegetais de folhas verde-escuras (couve, brócolos, espinafres), ovos, leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilhas), peixes (sardinha, salmão), sementes (gergelim, chia), frutas como laranja e mamão, nozes, amêndoas e tofu. Já agora, o consumo de vitamina C ajuda a melhorar a absorção do cálcio pelo nosso organismo.
- Consumir alimentos ricos em vitamina D, nomeadamente peixes gordos (salmão, sardinha, atum), gema de ovo, óleo de fígado de bacalhau e cogumelos.
- Caso a ingestão de cálcio e vitamina D sejam insuficientes, recorrer ao uso de suplementos (há países onde receitam automaticamente vitamina D a pessoas acima de uma certa idade).
Ou seja, hábitos alimentares e de vida sobejamente conhecidos.
Mesmo assim, como mais vale prevenir do que remediar, talvez seja boa ideia adotar certos comportamentos que ajudam a evitar o risco de quedas, muitos deles tratados precisamente em Quedas e outros perigos e em Quedas. Por exemplo:
- Evitar ter tapetes soltos em casa, sim, mesmo os de sair da cama.
- Usar um tapete antiderrapante no chuveiro ou banheira.
- Usar calçado, incluindo chinelos de casa, com uma boa sola aderente.
- Caso se levante de noite, vá acendendo as luzes, é um daqueles casos em que querer poupar dinheiro poderá custar bem caro...
- Evite pisos escorregadios, por exemplo, um chão de madeira demasiado encerado ou uma cozinha ou quarto de banho acabados de lavar ou caminhe sobre eles com cuidado.
- Quando sair, preste atenção ao piso, sobretudo no nosso país onde até os passeios são, muitas vezes, uma verdadeira corrida de obstáculos.
- Ao subir e descer escadas, apoie ao de leve uma mão no corrimão, assim, caso se desequilibre, será bem mais rápido e fácil agarrar-se.
- Não receie usar uma bengala em casa ou na rua, há-as bem bonitas e, muito francamente, a sua segurança está muito acima da estética ou da vontade de parecer mais novo.
Último detalhe, é bom fazer os possíveis para a evitar, é que esta doença, para além de fragilizar os ossos, tornando-os propensos a fraturas, não apresenta sintomas prévios, ou seja, quando surgem já está instalada.
Para a semana: A morte de um cônjuge. Não importa se é casamento ou outra coisa, a morte de um companheiro, sobretudo de longa data, tem sempre consequências, emocionais ou outras