132 - Voltemos às fraudes
É a terceira vez que volto a este tema, infelizmente continuamos a ouvir falar de numerosos esquemas, com muitos deles a visarem pessoas já de uma certa idade, não só porque são um setor cada vez mais numeroso na nossa sociedade mas também pelas razões que indiquei no meu post Fraudes. Lembro, também, que falei mais especificamente em fraudes via computador / telemóvel em Fraudes Eletrónicas, uma área em que estão sempre a aparecer “novidades”.
Começo por repisar um pouco assuntos mencionados anteriormente, muito particularmente a ideia de fraude. É que não nos devemos esquecer que há inúmeros casos em que esta é perpetrada por familiares ou cuidadores, roçando, muitas vezes, a ténue linha entre fraude e roubo. Por exemplo, um idoso dá o seu cartão multibanco para que esse familiar ou cuidador lhe faça determinadas compras, só que o dito é usado também para outras coisas não do interesse do seu proprietário.
Repito, pois, os aviso que deixei: vigie com muita regularidade a sua conta bancária, tanto o saldo como as despesas. E, caso ainda não exista no nosso país, seria bom que os bancos proporcionassem, a quem o desejasse, um sistema de alertas pessoais para despesas fora do comum.
Mas passemos às fraudes no seu sentido mais tradicional.
Ouvi esta semana, num canal televisivo, uma reportagem sobre um novo tipo de fraude. Segundo parece, idosos com um contrato de fidelização de TV por cabo a chegar ao fim são abordados, via telefone, por alegados gestores da sua conta que os informam de que precisam de mudar todos os aparelhos que têm em casa ou arriscam-se a ficar sem televisão, internet e telefone. E, é claro, essa substituição acarreta custos, de 200 euros para cima.
Em pânico perante a ideia de perderem o seu único meio de distração e de contacto com o mundo, muitos pagam de imediato – e nunca mais ouvem falar do assunto ou veem os ditos aparelhos novos!
Muito francamente, eu sempre achei que devia haver uma pena acrescida de trabalhos forçados para quem faz este tipo de burlas que, ao contrário de outras que grassam por aí, não se baseiam no desejo, por parte da vítima, de querer ganhar muito a troco de pouco.
E recomendação para as evitar é muito simples: nunca aceite nada via telefone. Se for uma proposta que lhe pareça credível, peça que lhe enviem os dados por e-mail – se for, de facto, a empresa a contactá-lo, tem-no nos seus arquivos... E caso o receba, leia-o muito bem e, de preferência, aconselhe-se com um filho ou outra pessoa, pode, até, contactar a empresa real para saber o que se passe. Mas NÃO entre em pânico e não pague nada sem se informar primeiro do que se está de facto a passar.
Outra fraude muito comum é o envio de supostas mensagens de e-mail – ou telefónicas – do seu banco ou outras empresas a dizer que há um problema com a sua conta e a pedirem-lhe que confirme os seus dados. São SEMPRE mentira, nenhum banco ou empresa credível pede dados pelo telefone ou por e-mail, uma vez que são ambos meios muito pouco seguros. Isso inclui supostas mensagens da Polícia Judiciária, GNR, Interpol, até, que pedem que use um link na mensagem para resolver supostos problemas com a justiça.
O que me leva à regra seguinte, NUNCA clicar em links de mensagens, se os quiser abrir, copie o link e abra-o no seu navegador da Internet – já agora, se visitar esse site, olhe para a barra de endereços e veja se é mesmo o que devia ser, é muito vulgar burlões criarem sites com endereços quase iguais aos das instituições / empresas por que se querem fazer passar. E se é uma pessoa que gosta de doar para várias causas, faça-o diretamente no site da instituição / organização em questão e não clicando no link de um pedido que lhe chegue por e-mail, a menos que seja usual recebê-lo.
Outra fraude em expansão tem a ver com encomendas, agora que há cada vez mais compras feitas pela Internet, em que se recebe um e-mail, supostamente dos CTT ou de outra distribuidora, a dizer que não podem entregar porque é preciso pagar taxas alfandegárias... Se fez a compra num site credível, e aconselho vivamente a que fuja dos duvidosos, terá um link onde pode ir seguindo a sua encomenda. E em caso de dúvida, contacte diretamente a empresa.
Outra fraude muito comum, também baseada em endereços de e-mail muito similares aos verdadeiros, tem a ver com supostas faturas da luz em atraso e a ameaça de corte da mesma. Tal como no caso acima da televisão por cabo, não entre em pânico e verifique o que se passa – essas empresas têm sempre uma área de cliente em que pode ver a situação real dos seus pagamentos.
Pode-se dizer que as muitas variantes destas fraudes têm um ponto em comum: levar as pessoas a divulgarem os seus dados pessoais e bancários pelo telefone ou e-mail, podendo ser contrariadas com a simples recusa em fornecê-los.
Já agora, se tem dificuldades em usar o seu cartão multibanco para, por exemplo, levantar a sua reforma, faça-o numa agência bancária pedindo a ajuda de um funcionário do banco. E desconfie sempre de “almas caridosas” que se oferecem para ajudar. Até pode ser com boa intenção, mas o seguro morreu de velho e pode, também, ser alguém que usa essas situações para clonar o seu cartão e ficar com os seus dados pessoais.
Finalmente, nesta época de aplicações para tudo e mais alguma coisa era inevitável que surjam inúmeras opções falsas que roubam as nossas informações. Sendo assim, compre-as apenas em lojas oficiais como a Google Play ou App Store e, ao instalá-las, não conceda todas as autorizações pedidas. É, também, aconselhável monitorizar o seu consumo da bateria quando não as está a usar.
Só mais um ponto, se foi vítima de uma fraude, não tenha vergonha de a denunciar, acontece a qualquer um e a sua denúncia poderá alertar as empresas – e não só – sobre o que se está a passar e o modo como o seu nome está a ser ilegal e abusivamente usado.
Para a semana: Artrites e similares. Os problemas com as articulações tendem a aumentar quando se vai para novo...