125 - Prendinhas que seria tão bom ter...
O ano passado, por alturas da Passagem de Ano, escrevi o post Eu gostava... Infelizmente, e como eu própria antevia, nenhum desses meus desejos se realizou, pode-se, até, dizer que em certas áreas as coisas pioraram. Vou tentar não me repetir muito, mas há alguns casos em que isso é inevitável.
A saúde, por exemplo. É uma das tais áreas em que as coisas pioraram, mesmo sem os trágicos acontecimentos ligados à greve do INEM. Pior ainda, com a triagem exigida agora via Linha SNS 24, muitos idosos ficarão ainda mais ao abandono. Não seria bom se criassem uma nova linha, com apenas três números – ou seja, como o 112 – para essa triagem? Ou seja, a atual Linha (808242424) ficaria para dúvidas mais genéricas e a nova para casos em que a pessoa acha que precisa de ir às Urgências, não excluindo uma certa sobreposição, claro, nem sempre sabemos onde “encaixamos”.
Seria bom para todos, mas sobretudo para quem vai para novo, é que três algarismos são bem mais fáceis de fixar do que nove. Já agora, dar também ao 112 a funcionalidade de passar as chamadas ao tal serviço de triagem.
Ainda na área da saúda, adoraria ver implementada a criação de postos médicos móveis, que circulassem pelo interior do país com percursos agendados de acordo com a densidade populacional. Para muitos dos não novos que residem em aldeias ou lugarejos seria a solução ideal para terem acesso a cuidados médicos atempados. E se o dito posto circulasse em conjunção com um posto farmacêutico, seria ouro sobre azul!
E quanto aos cuidados paliativos, de que muito se fala sem nada (ou pouco) se fazer, não será altura de “pensar fora da caixa” e imaginar opções que não passem por uma unidade especializada? É que, como mostra uma estatística recente, muitos morrem antes de terem uma vaga. E este é um daqueles casos em que se recusam soluções por não serem perfeitas mas sem tomarem consciência de que isso leva a situações, essas sim, péssimas.
Passemos aos maus tratos a idosos, de que tenho falado várias vezes. Seria tão bom se fosse, finalmente, implementado um sistema de visitas regulares ao domicílio para avaliar a sua situação. E não me refiro apenas aos que vivem sozinhos. Como notícias recentes provam, muitos dos abusos e maus tratos são obra de familiares – refiro-me, claro, à idosa que filho e nora deixaram morrer à fome, sem cuidados de higiene e sem que o fémur partido há meses tivesse sido visto e tratado.
Este foi certamente um caso extremo – esperemos – mas suspeito que não será tão raro como gostaríamos que fosse. E os lares deviam estar incluídos nestas rondas de visitas, sem dia ou hora certa para todos.
Numa área similar, gostaria que crimes contra idosos – roubos, agressões, etc. – tivessem um agravamento de pena pela cobardia que revelam. E não apenas para crimes graves, é que o trauma psicológico de ser roubado na rua ou numa invasão do domicílio, mesmo que não envolva violência, é agravado num idoso devido ao facto de se sentirem, à partida, mais fracos e indefesos.
Passemos aos transportes. Sim, o novo passe de comboio ajuda um pouco, mas continua a existir o problema que citei há um ano. Ou seja, para muitas aldeias e pequenas povoações a única solução para ir a uma consulta ou até às compras é chamar um táxi – se houver a sorte de existir um! Ora isto é incomportável com as parcas pensões de que muitos usufruem.
Um autocarro, mesmo que apenas semanal para locais mais isolados, ajudaria imenso a minorar estes problemas, quer fosse pago ou gratuito – seria um bem melhor uso dos nossos impostos do que muitas das benesses que se dão de mão aberta muitas vezes a quem nem precisa.
E nas grandes cidades, que tal criar um “favorecimento fiscal” a quem tenha viaturas adequadas a pessoas com pouca mobilidade? É que em muitos casos entrar num táxi ou viatura normal é um verdadeiro pesadelo e as opções para quem usa cadeira de rodas são escassas e caras.
Também a habitação continua a ser uma chaga. Choraminga-se muito pelos jovens que não conseguem comprar casa, mas, como sempre, ignoram-se os muitos casos de idosos que vivem sem condições. Que tal o estado ponderar a conversão de alguns dos milhentos prédios que possui em apartamentos pequenos adaptados a idosos, podendo, de preferência, incluir um “normal” para um casal que os ajudasse e respondesse rapidamente em caso de emergência?
Seria uma opção excelente para os muitos que acabam por ir parar a um lar porque se torna perigoso permanecerem sozinhos na casa que sempre habitaram, mesmo que esta esteja em boas condições.
E passemos às pensões. Continuo a não entender porque continuamos a pagar o RSI “para sempre” a quem tem bom corpo para trabalhar em vez de se usar esse dinheiro para garantir que não há pensões abaixo do salário mínimo – bom, como disse no post acima citado, esse valor deverá incluir outras fontes de rendimento, caso existam.
Pior ainda, uns são uns coitadinhos que só não trabalham porque não arranjam um emprego condigno – pois, viver à custa de quem trabalha é bem mais digno! – ao passo que os outros são ignorados.
E por falar em pensões, seria mesmo bom implementar o tal cartão de que falei em Haja equidade e que permitiria dar mais descontos, ou, até, gratuitidade em várias áreas de acordo com o valor da pensão auferida.
Finalmente, o combate ao idadismo. Como referi nos vários posts que tenho publicado sobre o assunto, continua a ser o único tipo de discriminação que é ignorado, ou antes, aceite nesta sociedade tão woke. E é o pior tipo porque, infelizmente, é interiorizado de tal modo que os próprios idosos acabam por se discriminar a si mesmos, uma vez que absorveram essas atitudes desde bem novos.
Bom, sou uma otimista nata, mesmo assim tenho uma “vaga” suspeita de que daqui a um ano estarei a pedir as mesmas coisas ao Pai Natal...
Só me resta desejar a todos um Bom Natal!
Para a semana: Fazer antes que seja tarde. Ou seja, a célebre "bucket list"