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Considerações gerais, ideias, projetos e muito mais para quem está a "ir para novo". E para quem tem em casa alguém avançado nesta viagem. Todos os domingos. Alternarei posts gerais e específicos.

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116 - Incontinêcia

Apesar de já haver alguns anúncios televisivos, curiosamente sempre dedicados às mulheres, e de os supermercados estarem cheios de produtos apropriados de marca branca e não só, este continua a ser um assunto um bocadinho tabu no nosso país. Está muito associado à idade avançada, mas pode acontecer muito antes disso por razões variadas.

Mas o que é a incontinência urinária? É, muito simplesmente, definida como a perda involuntária de urina. Esta perda pode ser mais ou menos intensa, variando de pessoa para pessoa. E em grupos etários mais avançados está quase sempre associada ao enfraquecimento dos músculos do movimento pélvico.

Normalmente, quando a bexiga está mais ou menos cheia – e lembro que a sua capacidade varia de pessoa para pessoa – esses músculos contraem-se e o esfíncter relaxa, permitindo a saída da urina. Obviamente, se estiverem mais fracos, isto pode acontecer de modo involuntário. Nos homens há, ainda, o aumento da próstata, que leva a um gotejamento mais ou menos contínuo.

Estima-se que haja em Portugal cerca de 600 mil incontinentes, ou seja, três em cada dez mulheres e um em cada dez homens. E apesar de se falar apenas em incontinência, há vários tipos, de que destaco estes:

Incontinência de urgência. Vontade imperiosa e incontrolável de urinar. Está muito associada a infeções urinárias.

Incontinência de esforço. Perda involuntária de urina durante momentos de esforço, que podem ser, muito simplesmente, um espirro, tosse, riso. Está associada a problemas da uretra ou do esfíncter.

Incontinência funcional. Deve-se à incapacidade do doente, por exemplo, pessoas com Alzheimer ou doença de Parkinson.

Apesar de ser considerada como uma parte normal de envelhecer, pode haver muitas outras causas para a sua existência, incluindo doenças neurológicas e psiquiátricas. Há, também, fatores contributivos: cafeína, tabagismo, obesidade, certos medicamentos, número de partos e, no caso dos homens, a próstata.

Quanto às medidas a tomar, bom, se a sua origem for uma infeção ou outra doença, só um médico poderá determinar as suas causas e as medidas a tomar, medidas essas que podem passar por uma cirurgia – à próstata, por exemplo.

Uma outra causa muito comum é a chamada bexiga hiperativa, em que os músculos da bexiga a contraem bem antes de estar cheia. Não é exatamente uma doença, é mais um conjunto de sintomas e afeta, nos EUA, cerca de 30 % dos homens e 40 % das mulheres – estima-se que em Portugal seja mais prevalecente nos homens do que nas mulheres. Aumenta com a idade, mas não pode ser vista como fazendo parte do envelhecimento.

Tem inúmeras causas, entre elas um AVC, medicamentos (diuréticos, por exemplo), esclerose múltipla, diabetes, artrite... Alimentos irritantes para a bexiga também podem contribuir para o seu aparecimento, como cafeína, álcool e alimentos muito condimentados.

Dito tudo isto, passemos às medidas que se podem tomar para minorar os seus inconvenientes.

A primeira, a mais fácil, consiste em perder “a vergonha” e usar pensos para incontinência ou as chamadas calças fralda. E digo “vergonha” porque, apesar de haver bastantes anúncios televisivos, há quem adie o mais possível o seu uso porque “isso é para velhos”.

Mas como disse acima, pode afetar pessoas bem mais novas, de 40 e poucos anos. Mais ainda, até bastante recentemente havia apenas uma ou duas marcas caras e uma escolha muito limitada de modelos. Agora, não há nenhuma grande cadeia de supermercados que não os tenha de marca branca e para todos os gostos e feitios. O que prova que há cada vez mais gente a usá-los.

E, francamente, podem marcar a diferença entre uma vida normal e uma restrita a ter acesso permanente a um quarto de banho. Já agora, pequeno detalhe, são para homens e mulheres, como indicam as embalagens!

A escolha depende de cada pessoa e, até, das circunstâncias em que vão ser usados. Por exemplo, para o dia-a-dia em casa, um simples penso pode ser mais do que suficiente. Mas para uma saída mais prolongada, uma cueca fralda pode ser mais adequada para se estar mais independente. Quanto ao modelo a escolher, bom, vá experimentando até encontrar “o seu”.

Mas, atenção, o seu uso implica cuidados de higiene redobrados. Sim, são produtos muito absorventes, mas fica sempre um restinho à superfície. E no caso dos homens, há um creme que se pode aplicar antes de enfiar a cueca fralda – ou o penso – e que evita irritações por fricção.

Há, também, outra ocasião em que o seu uso pode marcar a diferença, como já disse anteriormente: durante a noite. Sobretudo para os homens que, devido à próstata, sofrem de gotejamento contínuo. Uma cueca fralda permite um sono mais repousado, sem idas contínuas ao quarto de banho e, pior ainda, sem “desastres” no pijama.

Para terminar, aqui fica a indicação dos chamados exercícios de Kegel que ajudam imenso com a incontinência urinária masculina e feminina. Na prática, imitam o movimento de reter a urina quando se está a urinar. Comece, pois, por identificar os músculos que usa quando urina, parando por instantes esse ato. Mas, atenção, não retenha a urina quando estiver a fazer os exercícios, a bexiga poderá não se esvaziar totalmente e isso pode levar a infeções urinárias.

Pode executar séries de 10 a 15 destes exercícios 2 a 3 vezes por dia – por exemplo, de manhã, à tarde e à noite. Pode, também, começar com menos e ir aumentando aos poucos, mas nunca excedendo estes valores. Vamos a eles:

A bexiga deve estar vazia.

Realize-os sentado ou deitado. Se os fizer deitado, pode elevar a bacia e depois contrair os músculos corretos.

Contraia os músculos do pavimento pélvico 3 a 5 segundos e, entre as contrações, descontraia o pavimento pélvico até sentir que os músculos estão totalmente relaxados.

Durante a contração dos músculos não sustenha a respiração; respire fundo e garanta que não está a contrair os músculos da barriga ou coxas ou a cerrar os maxilares. Mantenha-se descontraído.

Pode demorar alguns meses (umas 12 semanas) a dar efeito e não é boa ideia parar uma vez que a incontinência voltará.

Para a semana: Longevos e não idosos! Esta simples alteração poderá contribuir bastante para combater o idadismo.