114 - Tonturas e pernas inchadas
Esta semana irei falar de duas maleitas que, apesar de estarem longe de serem exclusivas de quem vai para novo, têm tendência a surgirem e a piorarem com a idade. Refiro-me, como o título indica, a tonturas e a pernas inchadas. Têm, também, outra característica comum, é que podem indiciar problemas de saúde mais graves.
Comecemos pelas tonturas e por um pequeno esclarecimento. Embora os termos tonturas e vertigens sejam muitas vezes usados como sinónimos não são, de facto, a mesma coisa. A tontura é uma sensação de desequilíbrio, de instabilidade do corpo. Já a vertigem acarreta a ilusão de que é o ambiente que nos rodeia que está a mover-se, a rodar e, quando surgem, é sempre aconselhável consultar um médico.
Como as tonturas são muito comuns a partir de uma certa idade, há a ideia de que fazem parte do envelhecimento. Mas, como disse acima, podem indicar que algo mais grave se passa. Podem estar associadas, por exemplo, aos seguintes problemas:
- Doenças cardiovasculares, como a arritmia ou a hipotensão.
- Problemas no ouvido interno, uma das causas mais comuns.
- Alterações no metabolismo que levem a uma queda na taxa de glicose ou, também, desidratação.
- Medicamentos: podem ser um efeito secundário da toma de diuréticos, por exemplo, ou de outros medicamentos.
- Problemas da vista, como glaucoma.
Mas nada de pânicos, ter tonturas ocasionais não significa, necessariamente, que se sofra de algo mais grave. Mesmo assim, convém referi-las aquando de uma consulta médica.
Há um tipo de tontura que assusta bastante e que acontece a muito boa gente de todas as idades. Já lhe aconteceu levantar-se de repente da cama ou de uma cadeira e ver tudo negro, chegando, até, a perder totalmente o equilíbrio? Ou quando roda a cabeça rapidamente para ver algo? É algo bastante comum a quem sofre de tensão baixa – hipotensão. Se costuma ter episódios destes, a solução pode ser muito simples: evitar movimentos bruscos.
Se está deitado, por exemplo, comece por se sentar na borda da cama, com movimentos pausados. Aguarde um bocadinho e depois erga-se, lentamente. E não comece logo a andar, aguarde uns segundos parado, em pé. Se está sentado, nada de se levantar de supetão – afinal, uma das vantagens de envelhecer é já não precisarmos de andar numa correria...
Como disse, ter tonturas pode ser sintoma de que algo se passa, mas também podem ser esporádicas, devido a uma baixa de tensão, desidratação, etc. O grande problema é que é muito fácil começar a temer cair – e todos sabemos que uma queda a partir de uma certa idade pode ter consequências graves. O pior é que esse temor pode levar a evitar sair de casa ou, até, a um sedentarismo crescente, circunstâncias nada boas para a saúde física e mental da pessoa.
Daí a recomendação do uso de uma bengala, dentro e fora de casa, não tanto pelo apoio que dá mas mais pela confiança psicológica. E se não gosta das de aspeto mais clínico, escolha uma que lhe agrade, desde que tenha a altura certa para si – e não seja demasiado pesada. Pode, até, usar duas bengalas ou um andarilhos, há-os, também, de vários tipos.
Passemos, agora, às pernas inchadas. Bom, pernas, tornozelos e pés.
Mais uma vez, não são exclusivo de idade avançada, podem surgir em quem passa muitas horas de pé, ou sentado, sobretudo no verão. Mas com a idade as válvulas das veias, que impulsionam o retorno do sangue ao coração, ficam mais fracas e dá-se a sua acumulação nas pernas.
Também aqui, há que ter alguma atenção, uma vez que pode ser um indício de algo bem mais grave, sobretudo se há outros sintomas. E se o inchaço surge, apenas, numa das pernas, deve consultar um médico, sobretudo se o inchaço for acompanhado de uma dor forte – pode ser sinal de uma trombose.
Certas doenças crónicas, nomeadamente do coração, rins e fígado, também podem causar inchaço nas pernas ao afetarem a circulação sanguínea. E há fatores que contribuem fortemente para o seu aparecimentos, como o tabagismo, passar muito tempo na mesma posição, sedentarismo, obesidade.
E, à semelhança do que se passa com as tonturas, podem ser um efeito secundário de certos medicamentos, por exemplo, progesterona / testosterona, corticosteroides, anti-inflamatórios, medicamentos de hipertensão.
Quando surgem, há logo a tentação de recorrer a diuréticos para reduzir o inchaço. Mas não se esqueça de que podem interferir com outra medicamentação e que o seu uso prolongado não é aconselhável, para além de poderem ter, também eles, efeitos secundários indesejáveis, como quebras na tensão arterial, redução nos níveis de potássio, vontade frequente de urinar e a consequente desidratação.
Há, no entanto, outras medidas que pode tomar. Por exemplo, evitar passar muito tempo sentado, sobretudo com as pernas cruzadas. Faça sua a regra indicada para quem trabalha a uma secretária: de hora a hora, levante-se e caminhe durante uns minutos. E se não o pode fazer, use, pelo menos, um banquinho e vá alternando entre apoiar os pés nele e no chão.
Também ajuda regular o trânsito intestinal, ou seja, evitar a prisão de ventre, assunto de que tratarei num outro post.
Fazer massagens regulares nas perdas, de baixo para cima, pode ajudar bastante a melhorar a circulação sanguínea, reduzindo o inchaço. E, no mesmo sentido, evitar sapatos demasiado apertados e roupa muito justa nas pernas – lembre-se, o conforto e bem-estar devem sobrepor-se à moda.
Finalmente, durma com as pernas ligeiramente elevadas. Não é complicado, basta pôr um suporte de 10 a 15 centímetros de altura sob os tornozelos – uma almofadinha, por exemplo, sobretudo se é o tipo de pessoa que se revira muito enquanto dorme.
Para a semana: A louca corrida por parecer jovem. Infelizmente, esta “moda” afeta cada vez mais gente, mulheres, homens e até jovens!