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Ir para novo

Considerações gerais, ideias, projetos e muito mais para quem está a "ir para novo". E para quem tem em casa alguém avançado nesta viagem. Todos os domingos. Alternarei posts gerais e específicos.

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110 - Voluntariado

O voluntariado não tem uma grande tradição no nosso país, ao contrário do que se passa, por exemplo, nos Estados Unidos onde, para se entrar numa boa universidade, é preciso ter feito trabalho voluntário no liceu, de preferência durante vários anos. Começa a haver um esforço para atrair jovens para este tipo de trabalho, sobretudo nas férias, e há até organizações que o estimulam no estrangeiro – e também a vinda de voluntários para Portugal.

Mas é uma excelente ocupação para quem vai para novo e que, ao contrário desses jovens, tem uma longa experiência de vida a que pode recorrer para exercer estas novas tarefas. Está, também, provado que a prática de voluntariado tem imensas vantagens para a saúde física e mental de quem o pratica e não só.

Vejamos, então, as vantagens pessoais do voluntariado:

Saúde física. A prática de trabalho voluntário obriga a sair de casa, a ter mais atividade, o que, como tenho dito repetidas vezes, melhora a qualidade de vida e a esperança de envelhecer de um modo mais saudável e ativo.

Saúde mental. O facto de se estar a ajudar outras pessoas contribui para melhorar a autoestima e a sensação de realização. E pode, também, ajudar a diminuir o stress e a depressão – nada melhor para esquecer, pelo menos temporariamente, os nossos problemas do que dedicarmo-nos aos de outros.

Desenvolver competências. Mesmo que inicialmente se faça voluntariado em áreas que dominamos, mais cedo ou mais tarde surgem oportunidades de aprendizagem ou, no mínimo, de alargamento dos nossos conhecimentos a outras áreas que desconhecíamos.

Criar conexões. O voluntariado permite conhecer outras pessoas, sejam outros voluntários ou os alvos do voluntariado, muitas delas bem diferentes e que não conheceríamos de outro modo. Ajuda, pois, a combater o isolamento em que tantos dos chamados idosos vivem atualmente, mesmo quanto têm a plena posse das suas faculdades físicas e mentais.

Há muitos modos de fazer voluntariado, alguns oficiais, digamos, outros nem por isso. Comecemos pelos primeiros. Mas antes, um pequeno aviso, pela descrição do que procuram fiquei com a sensação de que muitas destas organizações esperam ser contactadas por pessoas relativamente novas... Mas não deixemos que isso nos desencoraje!

Um bom sítio para começar é a Bolsa do Voluntário, onde encontrará várias opções. Clique em Oportunidades e poderá escolher o distrito, concelho e freguesia – mas só depois de escolher o país, é que inclui Portugal e Moçambique. Mas nem todas as freguesias têm oportunidades de voluntariado, se for esse o caso, procure antes no concelho.

Um outro site generalista é o Eurocid, que apresenta diversas organizações que procuram voluntários, entre eles a Cruz Vermelha Portuguesa (ver a secção Oportunidades) e a Santa Casa da Misericórdia.

Temos, também, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a APAV, a Associação Alzheimer e a CASA (pessoas sem-abrigo), entre muitas outras. Francamente, se há alguma doença ou área que lhe interessa, uma pequena pesquisa no Google poderá revelar oportunidades de ser voluntário.

Outros locais que poderá sondar são o Centro Paroquial da sua zona, a sua junta de freguesia, lares de terceira idade e centros de dia locais. Há, também, Câmaras Municipais que publicitam, no seu site, oportunidades para trabalho voluntário na zona. E há muitos outros locais onde se pode ajudar. Canis municipais ou organizações como a União Zoófila, por exemplo, precisam sempre de auxílio com os muitos animais que têm e podem ser uma boa opção se gosta de animais e não os pode ter em sua casa.

Já agora, se não encontra nada que o fascine, que tal propor um projeto? Por exemplo, há Centros de Saúde, Centros Paroquiais e outras organizações que prestam auxílio ao domicílio a idosos e pessoas acamadas / com problemas. Mas, que eu saiba, esse apoio é só para quem precisa desses cuidados, deixando de fora o cuidador / cuidadora habitual. Ora tenho a certeza de que muitos deles adorariam poder passar uns momentos à conversa enquanto a pessoa de quem cuidam está a receber esse tratamento. E por conversa refiro-me a tudo menos a pessoa a seu cargo. Seria, pois, bom que essas equipas fossem acompanhadas por uma voluntária – ou um voluntário, se for a pessoa indicada – para promover uns momentos de convívio e, porque não, mexericos a quem passa o dia ali enfiado a cuidar de alguém.

Ou sugerir novos temas a uma universidade sénior na sua zona – como disse no post anterior, além das “grandes” há agora muitas outras de dimensões e âmbito bem mais modestos. Ou um programa de apoio escolar a alunos que não podem pagar centros de estudos ou explicadores. Ou, se é bom em desporto, que tal contactar um clube desportivo local, daqueles pequeninos, e sugerir criar um programa infantil? Já pensou em indagar se a biblioteca da sua zona precisa de ajuda?

E lembre-se, centros de dia e lares de terceira idade podem ser uma área muito frutuosa para trabalho voluntário, pode ser algo tão simples como organizar um jogo de bingo ou de cartas, algo que anime e ajude a passar melhor o tempo.

Ou seja, não ficar limitado pelo que está disponível, mostrar iniciativa e ampliar a oferta local.

Mas o voluntariado pode ter, também, um âmbito mais restrito. Os seus vizinhos, por exemplo. Tem carro e sabe de algum que tem dificuldade em ir a uma consulta por não ter transporte? Tem um cão que leva a passear diariamente e vê que alguém da sua zona tem dificuldade em fazê-lo?

Pense, também, na sua família. Há algum familiar que adorava ler e agora já não o pode fazer por ter problemas de visão? Que tal passar umas horinhas por semana a ler-lhe? Ou levar uma boa refeição a um que saiba que só come o básico porque não tem disposição para fazer algo mais complexo? E não se esqueça que uma ajuda com compras pesadas é sempre bem vinda.

Resumindo, não é preciso pertencer a uma organização para melhorar um pouco a vida de outras pessoas – e a nossa, como expliquei logo no início.

Para a semana: Cataratas e diabetes. É altura de falarmos de duas doenças que afetam tantos idosos.

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